ADRENALAMA no mundo off-road: o começo!
Aos trancos e barrancos, com muitas ideias, quase nada de grana e uma boa dose de coragem pra transformar uma paixão em trabalho.
Em 2003, eu trabalhava em uma indústria de equipamentos médicos.
Junto comigo estavam o Mazzeo e a Sabrina. Nosso trabalho era na área de marketing — e, como acontece em muitas boas histórias, isso acabou evoluindo para uma sociedade que, algum tempo depois, não deu certo.
Resultado: um recomeço do zero.
Sem dinheiro, mas com muita vontade de fazer algo diferente.
Foi nessa fase que decidimos investir em um curso de Web Design, aprendendo a usar o que havia de mais moderno na época: Adobe Flash e Dreamweaver.
E foi durante esse curso que nasceu o nome ADRENALAMA.
Na conclusão, cada aluno precisava criar um site para aplicar o que havia aprendido.
E eu pensei:
“Por que não fazer um site sobre off-road?”
Assim surgiu o nome, o logotipo e todas as ideias que, mais tarde, se transformariam em uma das maiores aventuras das nossas vidas.
No último dia de aula, saímos da escola — eu, Mazzeo e Sabrina — caminhando juntos, e eu soltei:
“E se colocássemos o site no ar de verdade? Um portal off-road!”
A ideia era ótima, mas, pra aquele momento da tecnologia, um pouco precoce demais.
Naquela época, eu tinha um Troller, que acabei perdendo com a saída da sociedade, e com muito esforço comprei um Willys velho para reformar, mas ainda estava praticamente todo desmontado na oficina.
O Mazzeo tinha um Samurai, e a Sabrina ainda nem carro tinha.
Mas o destino já estava alinhando as coisas.
Todas as quintas-feiras à noite acontecia o Ponto Off-Road, um encontro semanal de jipeiros no Círculo Militar, ao lado do Parque Ibirapuera.
Gente de todos os lugares se reunia ali.
Pra mim, até hoje, foi o melhor encontro off-road que já existiu.
Começamos a frequentar de forma informal... mas logo, a vontade de fazer o ADRENALAMA crescer falou mais alto.
O PRIMEIRO PASSO PARA A PROFISSIONALIZAÇÃO
Pra dar credibilidade ao projeto, eu queria ter um stand ao lado das grandes empresas, na área central do evento.
Recém-saídos de um projeto que não deu certo, o dinheiro era pouco… mas sobravam ideias e coragem.
Eu, Mazzeo e Sabrina combinamos de conversar com a organização pra tentar negociar.
Nosso site ainda estava começando, com pouco conteúdo, então a ideia era simples: fechar o espaço apenas duas vezes por mês.
Mas ninguém conseguia esse tipo de acordo — o normal era pagar pelas quatro quintas-feiras.
Mesmo assim, marquei uma conversa com o Ary Salles, responsável pela organização.
Sabrina e Mazzeo já estavam tensos — sabiam que eu não era exatamente o tipo econômico e temiam que eu fechasse o pacote inteiro.
Mas garanti:
“Confiem em mim! Dessa vez eu vou economizar!”
A conversa com o Ary foi excelente.
Apresentei o ADRENALAMA como um portal off-road voltado a divulgar eventos, trilhas e aventuras — isso em 2003, quando ninguém ainda falava em portal de conteúdo no segmento.
Ele gostou da ideia e topou o acordo:
duas quintas-feiras por mês.
Mas, antes de encerrar, ele lançou:
“Serginho, tô vendo que você tem um projeto bom e quer promover o ADRENALAMA no meio off-road e de aventura. Daqui a uma semana começa a Adventure Sports Fair, e temos uma área só pra off-road, ao lado da pista de test drive, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera. Quer participar?”
E como eu já tinha economizado no evento semanal… não resisti.
Topei na hora! Ele me pediu um número de FAX e eu nem tinha FAX kkkk disse que passaria depois pra ele o número da nossa empresa (que empresa?)
Lembro como se fosse hoje: voltando em direção ao Samurai do Mazzeo, ele sentado no capô, a Sabrina encostada no para-choque, os dois me olhando com aquela cara de quem achava que eu tinha fechado todas as semanas do mês.
Cheguei sorrindo e disse:
“Calma que deu tudo certo! Agora temos o stand duas vezes por mês aqui no Ponto Off-Road.”
(E, de quebra, um espaço garantido na Adventure Sports Fair!)
A IDEIA MALUCA E A PRIMEIRA GRANDE AVENTURA
Eles disseram:
“Adventure?! Fazer o quê? Expor o quê?! E como vamos pagar esse stand?!”
E eu respondi sem pensar duas vezes:
“Não tenho a menor ideia, mas temos 15 dias pra resolver tudo!”
Só perguntando pra eles dois pra saber o que pensaram…
Mas a cara de espanto misturada com preocupação foi inesquecível.
Fui pra casa com a cabeça fervendo — parecia que eu tinha dois Cebions borbulhando dentro do cérebro.
O que eu ia fazer nesse evento?!
No dia seguinte, acordei com tudo clareando na mente.
Pensei:
“Vamos fazer um vídeo nosso na trilha, criar um folder com empresas do meio off-road pra levantar uma parte do dinheiro do stand… e o resto, improvisar como der.”
Resumo: ativei a SAS — Sociedade dos Amigos do Serginho! 😎
Liguei pro meu amigo Carlinhos (@carlosricon), cinegrafista e fotógrafo de eventos sociais, e contei o plano.
Ele topou na hora — disse que iria nos ajudar gravando a trilha que faríamos.
Depois liguei pro Michel Guerra, da RM2 Comunicação Visual, e pedi socorro:
“Preciso imprimir uns folhetos pro evento, mas não tenho ideia de quantos... o que você puder fazer pra me ajudar já vai ser ótimo.”
Ele riu e respondeu:
“Serginho, 30 mil folhetos ‘na faixa’, tá bom?!”
Claro! — respondi na hora, agradecido (e aliviado!).
Por fim, falei com o Marques, outro grande amigo, dono de um Samurai monstro (pra época, era O carro!), e combinamos de fazer a Trilha das Águas, em Alphaville — seria o cenário perfeito pro nosso primeiro vídeo do ADRENALAMA.
A primeira trilha do ADRENALAMA
Ninguém imaginaria que esse vídeo seria o primeiro grande passo para tantas aventuras e histórias no Off-Road
O PRIMEIRO TOMBO E A PRIMEIRA LIÇÃO
A gravação do vídeo é uma história à parte.
Eu tinha acabado de reformar meu Jeep Willys CJ-5 vermelho — tava zerado recém reformado!
Fomos pra Trilha das Águas com três jipes: eu com o CJ5, o Mazzeo e o Marques com seus Samurais.
Mal entrei na trilha e, nos primeiros metros, tombei o Jeep.
Até hoje não sei como fiz isso.
Pensa num Jeep novinho que ia ficar na feira de exposição... e eu ali, olhando ele tombado! 😂
Foi só risada.
Na trilha é assim: a gente atola, tomba, levanta e segue.
Destombamos o Jeep e continuamos a viagem.
Foi um dia inteiro de atoleiros, erosões — tudo filmado pelo Carlinhos.
Missão cumprida!
Ainda precisava correr pra editar o vídeo e resolver como seria o nosso primeiro stand.
(Prometo um post só sobre a primeira trilha do ADRENALAMA!).
Na edição entrou mais um amigo, que nem era da SAS na época. O Carlinhos me indicou o Roque da DoisRF2, que é meu amigo até hoje, ele editou o video e ficou muito BOM, foi o grande destaque da nossa estreia sem duvida alguma!
Na mesma semana, corri em várias lojas — conhecidas e desconhecidas — pra conseguir patrocínios pro folder da feira e levantar parte da verba pra pagar o custo da Adventure Sports Fair.
Na última hora, mais um amigo apareceu pra ajudar: o Daniel Boz, personal trainer e ciclista profissional, que patrocinou as camisetas do evento.
As oficiais, claro, eram laranja e preto.
Confesso que, na teoria, tudo parecia perfeito... mas na prática, o bicho ia pegar.
Eu não fazia ideia do que seria exatamente o ADRENALAMA, mas como sempre digo: “Na vida, é um atoleiro por vez.”
Primeiro stand na Adventure Sports Fair
Fotos muito antigas, baixa qualidade mas muito valor em nossos corações. Muitos amigos reunidos para começar esse projeto maluco chamado ADRENALAMA
Quando entrei no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, gelei.
Um prédio enorme, pé-direito gigante e tudo vazio — era o primeiro dia de preparação da feira.
Pra expor no stand, levei meu Jeep recém-reformado (e recém-capotado!).
Foi tudo no improviso: pegamos um tambor de ferro de armazenar óleo, pintamos e adesivamos; em cima dele, coloquei a TV da sala de casa, com o videocassete rodando o nosso filme.
O pai do Mazzeo, Sr. Gerardo, nos ajudou fazendo duas rampas de madeira, uma mesinha e duas cadeiras.
E pronto: o stand do ADRENALAMA estava montado!
O que o ADRENALAMA tinha pra vender?
Nada.
O que tinha pra mostrar na internet?
Um site com umas 50 fotos.
Que serviço fazia?
Sabe Deus!
Mas estávamos lá, marcando presença, falando de trilhas, de 4x4, de aventura.
O Chileno, outro grande amigo, também apareceu pra ajudar.
E ali, entre uma conversa e outra, começamos a perceber algo incrível: o público queria participar das nossas trilhas.
Perguntavam quando seria o próximo passeio, quais eram os roteiros, como poderiam ir juntos.
E assim, naturalmente, o ADRENALAMA começou a organizar passeios para grupos de jipeiros.
Vários amigos revezavam no stand — Ronaldo, Letícia, Baeta… — e juntos distribuímos praticamente todos os 30 mil folhetos (Valeu Michel)!
E o mais louco: várias vezes, o segurança da feira pedia pra desligarmos a TV, porque juntava tanta gente na frente do stand vendo o vídeo que atrapalhava a circulação.
Foi TOP!
No final do dia, todos mortos e famintos, mais um amigo entrava em ação: o Tuca (Erik Momo).
Ele mandava as pizzas da 1900 Pizzeria pra gente jantar no fim da feira.
Salvava a noite! 🍕
E assim começamos oficialmente — no Ponto Off-Road e na Adventure Sports Fair.
Não poderia ter sido melhor.
E O QUE VEIO DEPOIS?
O que aconteceu depois da feira??? VIXXX!!!
Vieram programas de TV em rede nacional, eventos corporativos para grandes empresas, cursos de pilotagem (inclusive pro Exército Brasileiro), trilhas, expedições e passeios por todo o Brasil.
Mas isso… fica pra outras postagens.
Senão, vira um livro.
Justo, né? Afinal, já são mais de 20 anos de trilha, lama e história pra contar.
E pensar que tudo começou com um Jeep tombado, uma TV da sala e uma boa dose de teimosia.
Hoje, olhar pra trás é ver que cada atoleiro valeu a pena.
Porque o ADRENALAMA nunca foi só sobre 4x4 — é sobre amizade e companheirismo, risadas, histórias e o prazer de sujar os pneus pra limpar a alma.